Quero compartilhar contigo a minha experiência com o excesso de telas e dopamina que estou buscando diminuir.
Neste post vou falar sobre:
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Brain Rot (“cérebro podre”)

“Brain Rot” foi considerada a palavra do ano pelo Dicionário de Oxford, louco né?
Segundo o Dicionário:
“Suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, como resultado do consumo excessivo de conteúdo (especialmente o conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador”.
A tradução literal seria “cérebro podre” e esse apodrecimento ocorre pelo fato de bombardeamos nossa mente com conteúdos rápidos que causam estímulos que normalmente não teríamos tão facilmente.
Nesses estímulos estão a dopamina, responsável por pela sensação de recompensa, prazer, motivação, tomada de decisão, movimento, humor, bem-estar, memória e atenção. Em outras palavras, é super importante para estarmos “de bem com a vida”, haha.
(atenção: pessoas que lidam com algum tipo de transtorno como Depressão, Ansiedade, TDAH, etc., pois o impacto do excesso de dopamina nessas pessoas é mais significativo, pois pode gerar gatilhos pela hiperestimulação).
E o que ocorre é que quando consumimos muita dopamina, isso chega a se caracterizar como vício.
Falar que estamos viciados em redes sociais, vídeos, joguinhos simples e divertidos, informações novas, fofocas… isso estamos cansados de saber.
No entanto, há um tempo eu venho percebendo que enquanto espécie (ser humano) somos inclinados a vício.
Vício

Uma vez um conhecido me falou a seguinte frase “tudo o que você não consegue parar, pode ser considerado vício… se você não consegue parar de por o açúcar no café ou o sal na carne, é igualmente vício”.
E eu nunca mais esqueci isso, porque pode parecer um exagero na primeira vez que você ouve, mas conforme fui refletindo nessa frase, percebi que o ser humano é muito propenso a se viciar.
E digo se viciar em qualquer coisa, literalmente. Nos viciamos porque aquilo nos faz sentir algo que de alguma forma precisamos.
É aquele docinho depois do almoço. É aquela necessidade de se sentir parte de algo que nos faz ler notícias, ver feed, fofocas, ver trend topics, etc. o tempo todo.
Quando comparamos esses vícios com vício em substâncias ilícitas, elas parece irrelevantes e até bobas, afinal, “não machucamos ninguém”.
Ao menos era assim que eu pensava… “se não faço mal a outra pessoa, está dentro do aceitável”.
Eu pessoalmente tenho um caso na família de uma pessoa querida que é usuário de substância e esse foi um dos motivos pelo qual nunca quis experimentar nada que fosse mais propenso ao vicio.
Até que percebi que mesmo esses pequenos e “aceitáveis” vícios estavam fazendo mal a mim mesma.
Pequenos Vícios

Esses pequenos vícios se tornaram recorrentes e, sem perceber, muito da minha atenção e tempo eram dedicados a eles.
Assim que me vi em um espiral de me sentir mal, lá em 2023, decidi sair das redes sociais (instagram e tiktok), pois estava em um momento em que me sentia muito sem rumo e frustrada comigo mesma e toda vez que acessava esses redes sempre acabava me sentindo pior.
No Instagram, todos estavam felizes e vivendo o melhor de suas vidas. Enquanto eu, estava pensando em como iria tocar minha vida, sem saber nem o que queria mais dela.
No TikTok, todos tem soluções perfeitas e parecem estar vivendo de acordo com elas. Assim, a única que ainda não tinha descoberto essas soluções era eu. Só eu não sabia daquilo?
Embora o tiktok ao meu ver me fazia “menos mal” que o Instagram, no fim, ainda era um vício que afetava minha forma de ver a vida.
Todo o tempo livre era um motivo para ver o feed… mas eu realmente queria ver o feed? eu queria ver aquelas pessoas, coisas?
A verdade é que NÃO, eu não queria ver nada daquilo. Eu estava apenas fugindo.
Fugindo da minha mente. Fugindo dos pensamentos. Fugindo da ação (que eu nem sabia qual era). Fugindo da preocupação, angústia, tristeza… Eu só queria um momento pra me sentir bem. Ver algo engraçado. “Desligar da realidade”.
E até que é assim no começo. Você se desliga, vê vídeos engraçados ou interessantes. Aquilo traz uma sensação boa no começo. E aí você procura mais vídeos assim. A partir do 5º, você já não acha tão bom. E continua ‘rolando’ até aparecer outro melhor.
E nisso, se passam minutos, horas. E quando você literalmente cansa de rolar e desliga a tela. Vem aquela sensação de cansaço mental.
O tédio da vida real.
Fugir do Tédio

O tédio é complicado. Meu relacionamento com ele sempre foi de evitar. Afinal, ficar sem fazer nada parece um desperdício de tempo.
O engraçado é que vários estudos e pesquisas mostram como é saudável viver o tédio. Ele faz nosso cérebro ficar “livre” de estímulos. Liberando assim a mente para que ela possa finalmente descansar.
Sabe aquele cansaço mental que não some por dias? Pois bem, algumas horas de tédio poderiam te fazer bem, haha.
O mais louco é que nesse mundo hiperconectado e de informação 24/7, o tédio parece a coisa menos importante do mundo (e até mesmo a pior delas).
Mas vamos dar uma olhada em alguns dos benefícios do tédio para a mente:
- Estímulo à Criatividade e Produtividade
- Melhoria da Atenção e Motivação
- Redução do Estresse e Relaxamento Mental
- Promoção da Introspecção e Bem-Estar Emocional
Incrível, né?
O tédio é nosso aliado e não algo a ser evitado. Não precisamos fugir dele, mas abraçá-lo.
E é isso que venho procurando fazer, abraçar o tédio, me sentir confortável com momentos em que eu literalmente faço NADA.
E preciso confessar é difícil. É difícil não pegar o celular para conferir qualquer coisa, notificação, app, e-mail, zap… É difícil para de rolar o feed do shorts do youtube quando aparece um vídeo legal.
Claro, tem dias em que eu acabo entrando na “matrix” desenhada para nos manter presos (leia-se, rede social e vídeos super viciantes de 1min).
É impressionante como é fácil se perder.
Cansaço mental

O cansaço mental é o sinal mais claro que a tua mente e corpo podem te dar. Ele grita para você “não aguento mais, para, preciso de descanso”.
Imagina você se exercitar por vários minutos e dar um intervalo de 10min e já voltar pro exercício em seguida. Seu músculo iria acabar sofrendo alguma lesão, correto? Pois bem, nosso cérebro funciona igual.
No entanto, tratamos nossa mente de maneira diferente. Achamos que só férias, algum fator externo ocorrer ou alguém fizer X coisa, vamos de fato conseguir relaxar. E assim, sentirmos nossa mente relaxada.
No fim, quando agimos dessa forma, estamos terceirizando o nosso bem-estar.
Fiz isso a vida toda e só agora percebo isso. Eu costumava dizer “ah, quando eu resolver tal coisa, vou conseguir relaxar”. Eu ia lá, resolvia e não dava nem um dia, já estava saturada mentalmente de novo.
Além do vício em telas, estímulo de dopamina das redes sociais, entre outros. Percebi um padrão em mim: o padrão de me preocupar.
Preocupação em excesso

[Na imagem: um dia de preocupação é mais exaustivo do que um dia de trabalho]
Falei de vício lá em cima e citei só coisas que nos fazem sentir bem, né? Doces, vídeos engraçados… Mas a verdade é que nos viciamos em coisas que também nos fazem mal.
Há um tempo eu percebi que viver preocupada é um vício mental, uma forma de ansiedade que não deixa a minha mente descansar.
Falo mais sobre a minha relação com a ansiedade neste post.
O curioso é que essa preocupação sempre tem justificativa, afinal, tudo o que você se preocupa já deve ter alguma evidência para isso. Por exemplo, você se preocupa se travou ou não o carro na hora que saiu dele.
Sua preocupação é válida, pois a segurança no Brasil é horrível. A qualquer hora podemos ser assaltados e roubados. Não é uma preocupação sem fundamento.
Agora, digamos que TODA vez que você sai do carro, você se preocupa com a mesmo coisa e sempre fica na dúvida.
E ai, temos um padrão: não estar presente na hora que trava o carro> dúvida se travou > gatilho de preocupação e ansiedade > voltar até o carro e travar de novo.
Esse é um exemplo simples, mas eu tinha padrões de preocupação com várias coisas e simplesmente não deixava a minha mente ter paz.
Na minha cabeça, enquanto eu me preocupava, de alguma forma, estava me “antecipando aos possíveis e futurísticos fatos”. Aquilo me trazia uma sensação falsa de “segurança” ou de “produtividade”, pois se X acontecesse ou já saberia o que fazer.
A verdade é que de 10 casos que eu me preocupava, no máximo 2 ocorriam. No fim, não valia a pena o estresse gerado pela preocupação gasta nesses 10 casos, se é que você me entende.
Em resumo, eu tinha “Pré” – ocupado a minha mente de viver no presente e de estar tranquila.
Pior é ue mesmo quando esses “2” raros casos ocorriam, a minha resposta nunca era calma e centrada, por mais que eu já tivesse “vivido” eles na mente várias vezes. Era sempre um pico de ansiedade, porque dentro desses 2 casos, existiam inúmeras variáveis que eu não pensei antes.
Assim, eu tinha uma mente viciada em pensar, se preocupar e se distrair.
O resultado é iminente de brain rot, ou de maneira mais clara:
- Fadiga mental (quando o cérebro tenta processar informações e surge uma sensação de confusão ou letargia);
- Redução da capacidade de concentração (córtex pré-frontal, que controla o foco e a regulação emocional, fica sobrecarregado e menos eficiente);
- Saturação de dopamina (o fluxo contínuo de pequenas recompensas diminui a habilidade do cérebro de se envolver em tarefas mais prolongadas ou desafiadoras).
Eu senti isso por vários dias, meses e até anos.
Isso agravou como eu percebia a vida e as situações, sempre de forma negativa (o que eu achava -tolamente- ser uma visão “realista” da vida) e contribuiu para que eu chegasse a um ponto de “indiferença” a tudo (depressão) falo mais sobre isso neste post.
Tarefas Difíceis

Quando você está com o sistema de dopamina do cérebro hiperestimulado e se depara com tarefas difíceis que requerem mais atenção e/ou tem o nível de dificuldade maior, a primeira reação que eu tinha é: querer desistir antes de começar.
Isso mesmo, é o cansaço só de imaginar o trabalho que algo vai demandar de você. A minha mente já partia logo para o questionamento “vai valer a pena? vai me dar resultado?”
E mesmo juntando um pouco de energia e dando o primeiro passo em alguma ideia ou projeto, eu acabava desistindo com pouco tempo depois.
Essa falta de energia mental era decorrente desses estímulos excessivos, que me faziam só focar no resultado, pois é o que meu cérebro tinha o tempo todo: vídeos de 1min com resultados instantâneos.
Além disso, também percebia que me sentia sonolenta e sem energia mesmo pela manhã, e como eu não saio muito de casa, imaginei que poderia ser deficiência de vitamina D (sintomas que já tinha sentido quando minhas taxas estavam baixas) e comecei a tomar uma dosagem segura e baixa de 7.000 ui, 1 vez na semana.
Senti uma melhora relativa, menos sonolência e um pouco mais de disposição.
E como eu já não estava mais nas redes sociais desde 2023, então eu decidi tomar mais algumas medidas a mais para melhorar o meu bem-estar mental.
Detox de Dopamina

[Na imagem: dopamina barata x dopamina boa]
O termo detox de dopamina tá na moda, mas a ideia é, na verdade “reequilibrar” os níveis de dopamina do cérebro por meio de ajustes nos hábitos para reduzir a dependência de estímulos constantes.
A primeira coisa que eu fiz foi diminuir o tempo que eu passava vendo vídeos curtos (shorts no youtube).
Percebi que estava se tornando um vício quando eu comecei a passar de 1 a 2h por dia vendo. Para você pode ser tiktok, instagram, X…
No começo, foi difícil. Decidi parar de ver qualquer shorts por uns 3 dias. A vontade vinha e na hora eu lembrava que estava viciada e dizia para mim mesma “você ver algo agora, vai fazer você ter uma recaída, ainda não é a hora”.
E a dúvida cruel era: ok, e o que faço agora?
Vinham pensamentos “ah, vou ver um vídeo longo então”, mas percebi que estava buscando driblar minha justificativa com algo “menos viciante”.
Eu me conhecendo, sabia que seria apenas uma desculpa para no outro dia já está vendo os shorts de novo (dopamina barata).
Então eu comecei a fazer coisas não relacionadas com telas. Desenhei coisas aleatórias no papel e senti o tédio tomar conta de mim, haha.
Teve vezes que eu simplesmente olhava para o teto ou para as coisas ao redor e ficava observando os detalhes.
Em outros momentos quis limpar minhas coisas. Em outros, fazer minha unha (ps. sou uma negação nisso).
O que percebi nessas atividades simples e “sem graça” é que no começo eram bem “chatinhas”, mas com o tempo e dedicando minha atenção plena, eu sentia que estava mais presente no momento.
Quando percebia isso, sentia uma sensação de conquista pessoal. Algo do tipo “estou me vencendo”, “estou conseguindo”…
Não é algo que você fala para alguém, mas é algo que te dá uma sensação de evolução pessoal. É sútil, mas está lá.
Eu buscava cada vez mais nutrir essa sensação, não deixar ser algo passageiro. Então, comecei a me colocar em mais situações de tédio, aos poucos e sempre que possível.
E mesmo quando eu pegava o celular para distrair, essa distração era consciente. Após 3 ou 5 vídeos vistos, eu já sentia a necessidade de me frear, pois eu sabia aonde a inconsciência daquele ato poderia me levar.
Teve dias que eu me deixei levar, mas consegui me parar e voltar ao processo.
Uma coisa que ouvi no audiobook do livro The Big Leap, escrito por Gay Hendricks, dizia que “o problema de quando as pessoas tentam parar um vício é desistir na primeira recaída, pois se elas continuassem seguindo as regras de abstinência mesmo após ter uma recaída, elas teriam vencido o vício”.
E isso é o que eu busco manter em mente e diminuir mais aquela mentalidade de 8 ou 80 / tudo ou nada / preto ou branco.
Algumas outras atividades para equilibrar a dopamina no cérebro:
- Meditação ou mindfulness.
- Leitura.
- Caminhadas na natureza.
- Escrever, desenhar ou pintar.
Alimentação

[Na imagem: corpo saudável, mente saudável, alma saudável]
Outro ponto é diminuir alimentos ultraprocessados e doces (eu sei… também amo um docinho).
A verdade é que esses alimentos como doces, fast foods, frituras e produtos ultraprocessados) são altamente palatáveis… traduzindo: eles são feitos para ativar fortemente o sistema de recompensa do cérebro, liberando grandes quantidades de dopamina.
Por isso que quando a gente tá mal e come um salgado ou docinho vem aquela sensação de prazer imediato e sempre pensamos “bem que eu podia comer mais um”.
Esse “querer mais” quando não conseguimos controlar de forma recorrente acaba se tornando uma busca compulsiva por esses alimentos, mesmo quando não há fome real (fisiológica).
Quando eu estava nos meus momentos mais ansiosos, a comida foi o refúgio. Quando eu comia vinha a sensação de “ah… que alívio”.
Olhando agora friamente, era: eu enlouquecia minha mente, bombardeando com coisas negativas, depois cansava ela de tanto pensar, buscava refúgio pedindo um ifood, comia enquanto assistia algo legal e sentia que estava mais calma.
É até legal pedir um ifood e comer assistindo, mas quando isso se torna um hábito, a coisa pega… e nisso, eu acabei ganhando por volta de 15kg ao longo de uns 2 anos.
A comida é uma forma de nutrir não apenas nosso corpo, mas também a nossa mente. E mesmo hoje, ainda estou na jornada de construir um relacionamento mais saudável com a minha alimentação.
Para mim, a resposta até o momento é estar consciente do que estou comendo, o porque estou comendo e a quantidade daquele alimento.
Não vejo problema em comer meu pastel no sábado com uma h2o, contanto que eu tenha tranquilidade de que estou cuidando de mim em todas as refeições, de forma equilibrada e saudável.
Por isso, o docinho e aquele salgado, hamburguer, pizza… são maravilhosos, contanto que haja consciência e busca do bem-estar real (e não transitório para fugir de algo, por exemplo).
Fugir pode ser bom em alguns momentos e está tudo bem, mas viver fugindo, acaba nos adoecendo.
Dicas Extras

- Fazer o yoga tem me ajudado MUITO em reprogramar minha mente para ficar mais no momento presente, eu falo mais sobre isso neste post.
- Hobbies longe da tela: comecei pintura terapêutica tipo essa, que me ajuda a focar no presente (pretendo falar mais a respeito em um post específico)
- Caminhadas e dança: mesmo quando não consigo caminhar ao ar livre, posso colocar um vídeo de dança e me divertir junto tipo esse aqui, serve para levantar meu humor e mover o corpo.
- Ouvir mantras e músicas que acalmam me ajudam a desacelerar a mente, geralmente, gosto de focar em posições (ásanas) de forma livre e sentir o movimento do meu corpo.
Por esse post, é isso. Espero que você tenha gostado e sinta-se livre para compartilhar suas experiências e se você já passou por algo disso nos comentários abaixo.
Um abraço e até mais. ❤️
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