Como reprogramar a mente?

Olá! Bom ver você aqui. Vou compartilhar reflexões da minha jornada de autoconhecimento com você, em especial, sobre como reprogramar a mente.

[Clique para ir direto no tópico]


Hoje é mais um dia reflexivo para mim. E por que não escrever essas reflexões e compartilhá-la com o mundo, não é mesmo?

O tempo realmente cura?

Existe uma citação de Dalai Lama que sempre carrego comigo:

“Quando você fala, você está apenas repetindo o que você já sabe. Mas se você ouvir, você pode aprender algo novo. ” 

Isso serve igualmente para o nosso próprio diálogo interno. Quantas vezes você já ignorou o que sentiu e disse para si mesmo “ah, mas isso eu já sei” e evitou comentar ou conversar com alguém sobre o assunto.

Eu já fiz isso incontáveis vezes, principalmente, quando eu estava mais impaciente com o meu processo de terapia. 

Eu sentia que não valia a pena repetir as mesmas coisas que eu já sabia sobre mim ou como me senti em situação X nas sessões.

A verdade é que, ao falar (e até a forma em que falamos sobre aquilo) faz com que o nosso entendimento sobre aquele tema se expanda e nos traga novos insights.

Acredito que a lógica é que, quando tal coisa te aconteceu, você tinha idade X e um nível de maturidade que talvez não conseguiu processar bem aquilo. Hoje, mais velho(a), quando você retoma aquele mesmo fato, ao ouvir o que ocorreu, você percebe novas coisas.

Essa nova percepção vem da própria maturidade ou até mesmo de um distanciamento emocional causado pelo tempo. Por exemplo, é difícil tocar na ferida assim que você se machuca, mas dois dias depois, já se torna tolerável. Creio que essa seja a lógica.

Não acredito que o tempo é o que cura, mas é nossa evolução natural enquanto humano que nos faz entender as coisas de forma gradativa, por experiência, observação, reflexões, etc.

Claro que não posso falar por toda humanidade, mas falo a partir da minha própria experiência.

Pensamentos são barulho mental

Vou te explicar o que quero dizer com isso.

Sabe aquela voz na nossa cabeça que fica conversando com a gente por meio de pensamentos e memórias? Você tá lavando uma louça, arrumando a casa ou fazendo qualquer atividade rotineira e do nada se pega viajando na sua mente.

Então, essa viagem é nossa mente ruminando várias coisas, a maioria delas é apenas repetição de pensamentos e situações. 

Algumas vezes, quando “mergulhamos” demais neles, acabamos criando cenários hipotéticos e quando vemos já vivemos várias coisas em segundos, mas na realidade ainda estamos lavando aquele prato.

Eu acredito que existem diversas situações, em certos momentos fazemos isso para nos “desligar” das preocupações e em outras para “sintonizar” nelas. Uma estamos fugindo e na outra estamos alimentando nossa ansiedade (querendo controlar). 

Muita vezes esses pensamentos acabam se perpetuando e a nossa cabeça acaba virando um local onde é impossível de se estar. Quando isso acontece, buscamos distrações dela. Seja em vídeos, redes sociais, jogos, comida, etc.

Essa fuga que fazemos é uma forma de dizer “preciso de um tempo” ou não vou aguentar todo esse barulho.

No fundo, esse barulho é porque nos acostumamos a alimentar esses pensamentos. Se tornou um padrão tê-los e “legitimar” eles.

Quanto mais você se deixa levar por um pensamento ansioso, mais justificativas e cenários reais sua mente irá criar. E quando você perceber, passou o dia preso em um sentimento de angústia.

No fim, na vida real, nada realmente aconteceu, mas você já viveu tudo e sentiu tudo em seu corpo e mente.

Reprogramar a mente

A neurociência vem comprovando que temos a capacidade de modelar nossa mente, pensamentos e em consequência mudamos nossas ações.

Confesso que seria maravilhoso se isso fosse algo rápido e fácil, mas não é. Até porque você viveu a sua vida toda, na maior parte, tendo a mesma programação mental.

Essa programação foi aprendida pelos nossos pais, familiares, pessoas com que convivemos e crescemos.

Ambiente e pessoas nos influenciam inconscientemente, da mesma forma que ocorre com qualquer ser vivo, precisamos sobreviver e para isso aprendemos como lidar com a vida por meio de pessoas que estão ao nosso redor.

Isso fica ainda mais evidente conforme você vai envelhecendo. 

Quando eu era adolescente me achava totalmente diferente da minha mãe. Hoje, aos 30, vejo que há tantas coisas que faço e penso igual a ela que até me assustam.

Há coisas que percebo e penso “quando eu comecei a agir assim?” e ai me vem a memória de ver minha mãe agindo daquela maneira. 

E então eu percebo ‘ah, foi algo que aprendi dela, não é meu’. 

É nesses momentos que percebo quão forte é a influência das pessoas que nos criam e acompanham nosso crescimento. 

Vai ver por isso traumas são tão enraizados na forma em que agimos. É algo que foi “implantado” lá no inconsciente e você age sem saber o porquê, mas mesmo sem saber racionalmente, você sente que faz sentido de alguma forma.

Por isso que reprogramar não é algo rápido ou fácil. Exige antes que nos tornemos conscientes do que está inconsciente.

Mas ai, como fazer isso?

Tornar-se consciente

Vejo muitos gurus de internet falando como se fosse super simples. Basta “cancelar” o pensamento negativo e pensar em coisas positivas. Sem falar nas repetições de frases positivas, dormir ouvindo vídeos com essas frases, escrever várias vezes o que quer manifestar, etc.

Confesso que tentei alguns desses inúmeras vezes, mas nunca senti que tinha realmente reprogramado o cérebro, apenas cessado alguns pensamentos mais pesados.

Em outras palavras, esse método até funciona e pode ser que seja muito eficaz para algumas pessoas, mas para mim, foi limitado. 

O que vem funcionando para mim é algo mais lento e até mesmo doloroso (o que acredito que me afastou por anos de acessar). É a TRG (Terapia de Reprocessamento Generativo), auto-observação, escrita e conversa. Vou falar com mais detalhes sobre cada um desses.

O que é a TRG?

Esse ano, acredito que por volta de a maio, comecei a fazer sessões online de TRG (Terapia de Reprocessamento Generativo). Confesso que foi uma das minhas “últimas” esperanças em relação à terapia, porque não sentia que estava mais evoluindo com a cognitivo comportamental.

Definição técnica da TRG que encontrei em um artigo científico: 

Agora, colocando em palavras simples, você faz sessões em que nelas você acessa suas memórias de dor em determinados períodos da sua vida, geralmente trabalhando da faixa etária de 0 a 10 anos, 10 a 15, e assim vai.

A cada memória acessada, você é guiado para intensificar os sentimentos presos nela isso é feito com segurança e nada lhe é forçado. Você acessa até onde consegue e nisso os fragmentos começam a se conectar, você começa a sentir no seu corpo e começa a reprocessar com o terapeuta guiando.

Eu acredito que esse tipo de terapia não seja para todos, pois requer muita coragem do paciente de acessar memórias de dores profundas, que muitas vezes só queremos esquecer e fingir que nada aconteceu (como eu fiz por toda a vida).

Relato de uma sessão TRG

Vou te dar um exemplo simples e até bobo.

No meu trabalho remoto, eu não gostava de ligar a câmera do PC, sempre achava que tinha que estar bonita, sorrir, interagir. E se fosse falar algo, tinha que ser algo relevante, importante ou iria me passar por “boba, sem noção”, etc.

Em uma das minhas sessões da TRG, lembrei de uma memória de uma apresentação no colégio, lá na 4º série. Essa memória que eu já tinha ignorado há anos. E naquele momento, eu lembrei de como foi o dia. Como me senti chegando na escola, como foi a preparação para dançar com as meninas. Íamos dançar “ragatanga”, haha. 

Eu sempre amei dançar, mas lembro que treinamos pouco para essa apresentação. E no dia da apresentação, todo o colégio estava presente na quadra. A professora decidiu que eu e Verônica (uma amiguinha da época) iríamos ficar na frente. E ali, eu fiquei nervosa, porque seria o centro da atenção das pessoas.

E o pior aconteceu, teve um erro no som e a música começou antes. Por estarmos muito longe da caixa, a acústica não favoreceu e acabou que eu e Verônica começamos a dançar no tempo errado.  

E claro, toda a escola começou a rir de nós duas. Eu lembro que olhei para ela sem entender nada, o porquê das pessoas estarem rindo, e em seguida, olhei para o rapaz sentando na frente e ele ria olhando para mim, como se eu fosse uma “palhaça”.

Naquele momento, senti toda a vergonha tomar corpo do meu corpo e mente. Eu só queria fugir e me esconder. 

Em resumo, nessa sessão, após trabalhar essa memória e reprocessar ela, me veio flashbacks das reuniões do trabalho e lembrei que era a mesma sensação que eu sentia. A ansiedade de não me fazer de boba na frente das pessoas era igual a daquele dia.

E lembro como eu fiquei sem crer quando a sessão acabou. Pois entender que aquele momento bobo, que eu tinha ignorado a tantos anos e tratado como algo de criança que podia ter ocorrido com qualquer um (tudo isso eu pensei de forma racional), na verdade ainda me afetava.

Em outras palavras, os traumas não nos afetam enquanto memórias, mas como “mecanismos de defesas” que nosso cérebro usa para nos proteger de situações semelhantes.

É aquele medo, ansiedade, hesitação que sentimos em fazer X coisa que parece tão simples e comum para outras pessoas, mas que para você te consome de uma forma que não dá para entender racionalmente.

Auto-observação

Bom, após perceber esses padrões na TRG, eu comecei a me observar de outra maneira. 

Comecei a observar meus padrões de pensamento, comportamento e sentimentos de uma maneira mais profunda.

Por exemplo, decidi fazer a transição capilar e ver como me sinto com meu cabelo natural (farei um post sobre depois), mas como desde os 12 anos aliso o cabelo, foi muito difícil ver ele com texturas e ondulações diferentes.

Sentia-me desarrumada, ‘errada’, feia… e vários outros adjetivos negativos. 

Até que comecei a observar essa autocrítica tão forte e me questionar: “quando foi que comecei a achar que precisava estar de X forma para me sentir bem?”

“Quando odiar o meu cabelo natural se tornou comum?”

“Quando negar o meu corpo e minha natureza se tornaram o normal?”

E nesse momento, eu percebi que não lembrava o porquê fazia isso comigo mesma. Doido, né?

E apenas por perceber isso, consegui silenciar essa autocrítica infernal que me consumia todos os dias.

Não vou dizer que é legal ver “dois tipos de cabelo” na sua cabeça, mas agora estou mais em paz em usar ele preso e me sentir bem, sem precisar passar chapinha, por exemplo.

Acredito que é na auto-observação que você consegue perceber os seus padrões inconscientes e torná-los conscientes. Isso ocorre no dia a dia. 

Escrita e Conversa

A escrita sempre foi uma forma em que consegui expressar meus sentimentos mais profundos. Minhas ideias, sonhos, imaginação. Mas confesso que nunca usei como terapia (também chamada de journaling em inglês).

A escrita terapêutica é você simplesmente escrever tudo o que está sentindo sem se julgar, criticar, se preocupar com gramática, coesão, coerência, etc. É tipo um expurgo no papel.

Caso você goste de escrever, pode ser uma maneira incrível de se conectar com você mesma e liberar sentimentos. Através dessa prática você também vai desenvolvendo a auto-observação. E por meio dela, consegue ir “reprogramando seu cérebro”.

A conversa é algo maravilhoso contanto que você converse com alguém que está realmente disposto(a) a te ouvir e não a te criticar ou dar sermão. Caso for o último caso, você vai sair mais traumatizado do que antes, haha. Experiência própria.

É difícil encontrar pessoas que estejam abertas para ouvir o outro, mas acredito que não seja por mal. Creio que é porque elas não conseguem nem se ouvir, quiçá ouvir o outro.

Contudo, caso você tenha alguém em quem confie que esteja disposto a te ouvir, experimente desabafar para essa pessoa, não apenas como forma de colocar para fora, mas como uma forma de se entender. 

Acredito que a intenção de como você faz algo influencia o “resultado”.

O processo de se ouvir

Acho que ler até aqui já te deu um pouco de noção sobre o que é ouvir a si próprio e como ele pode libertar a sua mente do barulho.

Nem sempre se ouvir vai ser uma atividade que vai elevar a sua consciência ou te trazer paz. Muitas vezes se ouvir vai ser apenas doloroso. No entanto, ainda assim será um passo para a libertação. 

Pois se algo é doloroso é porque o machucado continua aberto e precisa de cuidados. Ao falar e notar a dor, você reconhece ela. E damos atenção a algo que precisa de cuidados.

Então, mesmo que seja doloroso ver, acessar, admitir algo, não esqueça que você tomou o primeiro passo. O mais importante e o que mais evitamos. É a falta desse passo que nos deixa presos na mesma situação, padrão mental e emoções.

Isso é o que venho vivenciando no meu processo de me ouvir, entender e mudar. Esse, pra mim, é sentido de reprogramar a mente.

Esse processo é lento e requer paciência, autocompaixão e autocuidado. E confesso que ainda estou aprendendo a ter isso comigo mesma, mas sei que é possível.

Quero que saiba que também é possível para você e que você não está só. Estamos juntos nessa jornada chamada vida.


É isso. Se você sentir vontade de compartilhar algo sobre seu processo ou sua vida, sinta-se livre para comentar abaixo ❤️

Até o próximo post.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Eu sou Andy,

Criei esse blog para compartilhar experiências do meu dia a dia com você. Falo sobre autoconhecimento, qualidade de vida e saúde mental.

Fale comigo

Redes